Escola de Conservação da Natureza encerra edição 2025 abrindo oportunidades para os jovens do Litoral
Encontro reuniu estudantes, professores, empreendedores e representantes públicos de Antonina, Morretes e Guaraqueçaba

Em setembro, a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) promoveu o encerramento da edição 2025 da Escola de Conservação da Natureza, iniciativa voltada à formação de jovens protagonistas do Litoral do Paraná.
O encontro aconteceu dia 13, na Reserva Natural Guaricica, em Antonina, uma das três Reservas Naturais da SPVS localizadas no litoral do estado, e reuniu 46 participantes, entre estudantes de escolas estaduais de Morretes, Antonina e Guaraqueçaba, professores, empreendedores locais e representantes de órgãos públicos.
Com programação ao longo de todo o sábado, a iniciativa teve como principal objetivo aproximar jovens da comunidade, especialmente de empresários e gestores do território, criando pontes para oportunidades reais de emprego e atuação ligadas à conservação e à economia restaurativa na região.
Vivência prática e mapeamento de riquezas
Na parte da manhã do sábado, os estudantes participaram de uma recepção com café caiçara e atividades de imersão nas áreas naturais da Reserva Guaricica, além de exercícios de mapeamento das riquezas naturais e culturais dos municípios do litoral paranaense. A proposta foi estimular o olhar crítico dos jovens sobre o território, reforçando o papel de protagonistas que eles têm na valorização da região.
Para Maria Clara Bortotti, 17 anos, estudante do Colégio Estadual Rocha Pombo, de Morretes, a experiência superou as expectativas. “Na minha cidade, me orgulho muito do Pico Marumbi, do rio e também da nossa gastronomia. Aqui na Escola de Conservação, fiquei maravilhada desde a chegada: não imaginava que seria um lugar tão lindo. Gostei muito da trilha, de observar os passarinhos e de aprender junto com a professora Solange, que nos guiou. Foi uma experiência que superou minhas expectativas”.
À tarde, os grupos apresentaram os resultados do mapeamento para um público composto por representantes do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), gestores municipais e empreendedores da Rede de Portais da Grande Reserva Mata Atlântica, entre eles dos portais Graciosa, Vale do Gigante e Guarakessaba.
Os convidados, por sua vez, compartilharam suas experiências, destacando os potenciais de emprego, geração de renda e novas formas de atuação ligadas ao turismo sustentável, à conservação e à produção de natureza.
Integração com empreendedores e novas oportunidades

Empresas e instituições locais como Ekôa Park, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Sítios Brigite e Gusso Turismo também participaram do momento. O diálogo entre jovens e empreendedores buscou reforçar que as oportunidades do litoral não são escassas, mas se conectam com a lógica de produção de natureza e podem resultar em inserção profissional concreta.
Jaqueline Monteiro Oliveira, empreendedora do Sítios Brigitte, em Morretes, destacou a importância de iniciativas que estimulem os jovens a permanecer na região. “Fiquei maravilhada em ver o interesse das novas gerações em permanecer aqui. Muitas vezes vemos jovens deixando um lugar rico em biodiversidade, ar puro e qualidade de vida para viver em cidades poluídas. A Escola de Conservação mostra que é possível ter formação e objetivos sem sair da comunidade, fortalecendo o pertencimento e abrindo caminhos para que eles ajudem a desenvolver o território”.
Antônio do Rosário Weber, morador da comunidade do Salto Morato, em Guaraqueçaba, reforçou o impacto positivo para quem nasceu e cresceu no território. “Cresci em Guaraqueçaba e, por muitos anos, a conservação foi vista como um impedimento. O que a Escola de Conservação faz é transformar essa percepção, mostrando para os jovens que preservar também significa criar caminhos de futuro. Eles percebem que é possível, sim, permanecer aqui e construir sua vida.”
No encerramento do encontro, a SPVS anunciou a abertura de cinco vagas de estágio destinadas a participantes da Escola de Conservação, fortalecendo o elo entre formação e inserção no mercado de trabalho.
Um projeto com apoio internacional
A parceria da SPVS com o Global Nature Fund (GNF), fundação alemã dedicada à conservação ambiental, amplia o alcance da Escola de Conservação da Natureza. A iniciativa busca envolver jovens, professores e empreendedores em ações de educação e mobilização comunitária, fortalecendo o pertencimento e incentivando que a Mata Atlântica seja vista não apenas como patrimônio natural, mas também como ativo econômico e cultural capaz de gerar emprego, renda e novas formas de atuação no litoral do Paraná.
Criada pela SPVS em 2017, a Escola de Conservação da Natureza tem o propósito de sensibilizar e capacitar jovens para que reconheçam as áreas naturais, a biodiversidade, a história e a cultura como ativos de desenvolvimento local, a partir de imersões, oficinas e integração a rede de atores locais.
Para Mariana Meduna Moscardi, secretária de Meio Ambiente e Urbanismo da Prefeitura de Morretes, o encontro mostrou a força de unir diferentes setores em torno da juventude. “Esse projeto é fundamental porque une as pontas: o poder público, as organizações da sociedade civil, os empresários e os jovens. A Escola de Conservação mostra que é possível transformar a conservação em fonte de renda e futuro. Nosso litoral tem um potencial gigantesco e iniciativas como essa ajudam a fortalecer o pertencimento, fazendo com que os jovens acreditem que podem e devem construir suas vidas em Morretes, Antonina e Guaraqueçaba”.
“Queremos mostrar que conservar não é apenas preservar a floresta, mas também gerar futuro. A Escola é um espaço para que os jovens reconheçam o valor do território e enxerguem nele oportunidades de emprego e atuação”, destacou Solange Latenek, idealizadora e coordenadora do projeto Escola de Conservação pela SPVS.
Sobre a SPVS
Fundada em 1984, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) é uma das mais relevantes organizações conservacionistas do Brasil, com foco na conservação da Mata Atlântica. Atua com inovação, base técnica sólida e visão restaurativa do desenvolvimento, valorizando a natureza como ativo estratégico para o bem-estar humano e para a adequada gestão territorial.
Sobre a Grande Reserva Mata Atlântica
A Grande Reserva Mata Atlântica é uma iniciativa que une diversos atores para desenvolver ações de turismo sustentável na maior área contínua de Mata Atlântica do mundo, com quase 3 milhões de hectares conservados entre São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Reconhecida nacional e internacionalmente, a iniciativa promove o ecoturismo responsável, integrando o patrimônio natural, cultural e histórico desse território único.
Texto: Claudia Guadagnin / SPVS / Grande Reserva Mata Atlântica