No Dia da Mata Atlântica, menor desmatamento não é noticia tão boa

Hoje, 27 de maio, Dia Nacional da Mata Atlântica foram divulgados dados positivos da queda de 27% no desmatamento do bioma no ano passado, em relação a 2022. A redução, ocorrida em 12 dos 17 estados da região onde se encontra o ecossistema, deve-se muito ao aumento de fiscalização, diz o governo federal e ecoam os governos em alguns estados, chamando para si o mérito.
Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, que costumam estar entre os que lideram o ranking de derrubadas, desta vez se destacaram positivamente, com queda de, respectivamente, 57%, 78% e 86% nas taxas.

Mas não é bem assim
Mas os resultados não são tão bons se a gente olhar atentamente para os números. Houve menos desmatamento, mas não houve recuperação da floresta, que é o que o meio ambiente precisa.
O Paraná, por exemplo, desmatou menos que no ano anterior, mas mesmo assim foi um dos estados que mais desmatou. Foram 633 hectares derrubados, o que coloca o estado em 5º lugar no desmatamento. Santa Catarina, por exemplo, também um dos líderes históricos de destruição da Mata Atlântica desmatou 52 hectares, e o Rio Grande do Sul, 149 hectares.
Outra má notícia é que a queda foi apontada no Atlas da Mata Atlântica, que monitora áreas superiores a três hectares em florestas maduras, que constituem 12% do bioma. Ele revelou que o desmatamento no bioma caiu de 20.075 hectares em 2022 para 14.697 em 2023 – uma redução de 27%.
A Mata Atlântica, entretanto, inclui ainda regiões em recuperação ou em estágios iniciais de desenvolvimento, que cobre outros 12%. Essa é a abrangência do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, que é capaz de detectar desmatamentos a partir de 0,3 hectare.
Segundo o SAD o desflorestamento total saltou de 74.556 para 81.356 hectares entre 2022 e 2023.
O SAD revela que o Paraná desmatou 1.180 em 2023, bem menos que os 4.005 hectares de 2022, mas um número preocupante na derrubada da mata original do território paraense.

Bioma segue em risco crescente
A Mata Atlântica, que abrange 15% do território nacional, abrigando 72% da população e 80% do PIB do Brasil. O bioma é essencial para serviços ambientais como regulação climática e segurança hídrica.
Apesar da proteção legal, com lei especial única, a Mata Atlântica segue ameaçada, com apenas 24% de sua cobertura florestal original restante e com redução constante, em maior ou menos velocidade.
Os dados completos e detalhados estão disponíveis no relatório do Atlas da Mata Atlântica 2022-2023 e no painel do SAD Mata Atlântica. Tanto o Atlas quanto o SAD têm execução técnica da Arcplan.
Fontes: Agência Gov e SOS Mata Atlântica