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Diabetes tipo 2: endocrinologista revela novos tratamentos eficazes

Descubra os mais recentes e eficazes tratamentos para diabetes tipo 2 com orientações de especialistas. Aprenda como controlar a glicemia e melhorar sua qualidade de vida. Foto: AS Photography / Pexels Uma revolução silenciosa está acontecendo no campo da endocrinologia brasileira. Pesquisas recentes apresentadas no Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia (CBEM) revelam avanços significativos no controle da condição que afeta milhões de brasileiros. O destaque vai para a tirzepatida, medicamento que normalizou os níveis de açúcar no sangue em 51% dos pacientes com diabetes tipo 2. Este resultado impressiona quando comparado à semaglutida, atual referência no tratamento, que alcança essa normalização em apenas 20% dos casos. Esta condição metabólica representa 90% dos casos da doença no país e constitui um crescente problema de saúde pública. Os novos tratamentos da diabetes tipo 2 não apenas melhoram o controle glicêmico, mas também reduzem significativamente as complicações associadas. Nos próximos tópicos, exploraremos detalhadamente esses avanços e como eles podem beneficiar pacientes brasileiros que convivem diariamente com esta condição crônica. O que é diabetes tipo 2 e como ela afeta o organismo A endocrinologista Dra. Camila Souza Farias ressalta que quando falamos de diabetes tipo 2, estamos nos referindo a um distúrbio metabólico que afeta a forma como o corpo processa a glicose, principal fonte de energia celular. Esta condição representa cerca de 90% dos casos de diabetes no Brasil e, diferentemente do que muitos pensam, não está restrita apenas aos idosos. Cada vez mais, jovens adultos e até adolescentes estão sendo diagnosticados com esta doença. Na diabetes tipo 2, o problema central está na resistência à insulina. O pâncreas continua produzindo este hormônio essencial, mas as células do corpo não respondem adequadamente a ele. Como resultado, a glicose não consegue entrar nas células com eficiência e acumula-se na corrente sanguínea. Com o tempo, níveis elevados de açúcar no sangue podem danificar diversos órgãos e sistemas. Os vasos sanguíneos, nervos, rins e olhos são particularmente vulneráveis aos efeitos da hiperglicemia crônica. O controle glicêmico na diabetes tipo 2 torna-se, portanto, fundamental para prevenir complicações graves. Diferenças entre diabetes tipo 1 e tipo 2 Embora ambos os tipos de diabetes resultem em níveis elevados de glicose no sangue, suas causas e mecanismos são distintos. Na diabetes tipo 1, uma doença autoimune, o sistema imunológico ataca e destrói as células produtoras de insulina no pâncreas. Isso resulta em uma deficiência total ou quase total de insulina. Já na diabetes tipo 2, o corpo continua produzindo insulina, pelo menos inicialmente. O problema está na resposta das células a este hormônio. Além disso, a diabetes tipo 1 geralmente se manifesta na infância ou adolescência, enquanto a tipo 2 tradicionalmente surge após os 40 anos, embora esta realidade esteja mudando. Outra diferença importante está nos fatores de risco. Enquanto a tipo 1 tem forte componente genético e não está relacionada ao estilo de vida, a diabetes tipo 2 está frequentemente associada ao sobrepeso, sedentarismo e alimentação inadequada. Mecanismos de resistência à insulina A resistência à insulina ocorre quando os receptores celulares não reconhecem ou respondem adequadamente a este hormônio. É como se a chave (insulina) não conseguisse mais abrir a fechadura (receptor) com eficiência, impedindo a entrada de glicose nas células. Este mecanismo é complexo e envolve alterações nas vias de sinalização celular. O acúmulo de gordura, especialmente na região abdominal, libera substâncias inflamatórias que interferem na ação da insulina. Com o tempo, o pâncreas tenta compensar produzindo mais insulina. Eventualmente, as células produtoras de insulina podem se esgotar devido a este esforço constante. Quando isso acontece, a produção de insulina diminui, agravando ainda mais o controle glicêmico na diabetes tipo 2. Este ciclo explica por que muitos pacientes inicialmente controlados apenas com mudanças no estilo de vida eventualmente necessitam de medicamentos ou até insulina. Principais sintomas e diagnóstico da diabetes tipo 2 Os sintomas da diabetes tipo 2 podem ser sutis no início, mas seu reconhecimento rápido é crucial para o controle da doença. Muitas pessoas convivem com esta condição por anos sem diagnóstico, o que aumenta o risco de complicações graves. A identificação precoce dos sinais de alerta e a realização de exames adequados são fundamentais para iniciar o tratamento e implementar medidas de prevenção da diabetes tipo 2 avançada. Sinais de alerta que não devem ser ignorados O desenvolvimento gradual dos sintomas é uma característica marcante da diabetes tipo 2, dificultando sua percepção imediata. A sede excessiva (polidipsia) e o aumento da frequência urinária (poliúria) são sinais clássicos que resultam da tentativa do organismo de eliminar o excesso de glicose. A fome constante (polifagia) ocorre porque as células não conseguem utilizar adequadamente a glicose como fonte de energia. A fadiga persistente, mesmo sem esforço físico significativo, também é um sinal comum e frequentemente subestimado. Outros sintomas incluem visão embaçada, feridas que demoram a cicatrizar e infecções recorrentes, especialmente na pele e gengivas. O formigamento ou dormência nas extremidades pode indicar danos nervosos iniciais (neuropatia), um sinal que merece atenção imediata. Exames para confirmação do diagnóstico O diagnóstico da diabetes tipo 2 baseia-se em exames laboratoriais específicos. A glicemia de jejum é geralmente o primeiro teste solicitado, considerando-se diagnóstico quando os valores são iguais ou superiores a 126 mg/dL em duas ocasiões distintas. O teste de tolerância à glicose avalia como o