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Paranaguá tem ato por Julieta e por todas as mulheres

Nessa semana, ciclistas e pedestres de todo Brasil ocuparão as ruas em solidariedade à Julieta Hernández  para gritar contra a barbárie, o feminicídio, a violência e o extermínio que as mulheres sofrem diariamente.

Em Paranaguá, seguindo a mobilização nacional, a caminhada ocorrerá nessa sexta-feira (12), com início  às 15h na Praça Fernando Amaro, seguirá para a Praça Mario Roque e encerrará às 18h no Terminal Urbano. 

O ato público está sendo organizado coletivamente  por movimentos, associações e companhias de teatro que atuam no litoral: Instituto Ecoe, Cia Cultural Rainha Maçã, Cia Povaréu de Teatro, UBM Paraná e Coletivo Roda D’Água.

O encontro é um manifesto contra o feminicídio da palhaça Miss Jujuba, que foi brutalmente assassinada quando fazia uma cicloviagem pela Amazônia até a Venezuela, sua terra natal.

Julieta chegou ao Brasil em 2016 e viveu no Rio de Janeiro por três anos. Em 2019 começou uma cicloviagem em direção ao nordeste e norte brasileiros a fim de conhecer a cultura do interior do país. Sobre duas rodas, em cima da Carnavalita (sua bicicleta), ela desbravou caminhos em sertões de terra laranja e vegetação cinza, beira de mar, e rios, levando sua alegria de viver e tocando corações com sua palhaçada. Em dezembro passado, Julieta iniciou uma viagem de retorno à Venezuela para passar as festas de fim de ano com sua família, mas teve os sonhos e a vida interrompidos. Julieta entrou para a estatística de vítima de feminicídio em nosso país.

Conforme os organizadores da manifestação, no Brasil, uma mulher é morta a cada seis horas em média. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que 722 mulheres foram vítimas de feminicídio no país entre janeiro e junho de 2023. O número é 2,6% a mais que no primeiro semestre de 2022. “Essas mulheres foram e são mortas simplesmente pelo fato de serem mulheres”, destaca a divulgação da caminhada.

“Mesmo que as penalidades por esse tipo de crime tenham sido agravadas desde 2015, os casos têm aumentado ano após ano, o que significa que a mudança deve vir do âmbito social. 

O modelo patriarcal do sistema dominante cerceia o direito de liberdade às mulheres. Nesse mundo misógino mulheres não são livres, não têm o direito de ir e vir, falar e vestir o que desejam, pois qualquer fuga do padrão é entendida como convite para o assédio. A sensação para as mulheres é de não ter poder sobre seus próprios corpos.

Julieta enfrentou o sistema e foi uma mulher livre! Se desejamos um mundo diferente, onde as mulheres possam ser mais livres, que sejamos livres agora, sejamos Julietas.

Portanto, a caminhada será, além de uma homenagem à mulher, palhaça e cicloviajante Julieta, um ato sócio-político de enfrentamento à violência contra à mulher. Todas as mulheres da comunidade estão convidadas a participar desse momento, assim como os homens, pois precisamos que estejam do nosso lado para lutar contra todos os tipos de violência e opressão.”

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