Polícia confirma indiciamentos e aponta as falhas na obra do Super Rede em Pontal
A Polícia Civil confirmou, nesta quarta-feira (8), o indiciamento de três pessoas no caso do desabamento do supermercado Super Rede Atacadista, em Pontal do Paraná. O dono do supermercado, o dono da construtora e um responsável da obra foram indiciados por três homicídios culposos (quando não há intenção de cometer o crime) e por lesões corporais.
“O proprietário da construtora ainda por imperícia, já o do supermercado também por imprudência e o responsável pela obra por negligência. A PCPR responsabilizará por imperícia e, por consequência, irá indiciar o responsável. Assim como responsabilizará todos os outros envolvidos nessa inauguração prematura. As informações já estão devidamente documentadas nos autos do inquérito policial”, afirmou o delegado Jader Roberto Filho.
Com a conclusão do inquérito policial, o caso será remetido ao Ministério Público do Paraná, que poderá, ou não, oferecer denúncia contra os indiciados.
Três mortes e 12 pessoas feridas
O acidente aconteceu na noite de 22 de março, no dia da inauguração do supermercado, no balneário Canoas. Uma laje que abrigava seis caixas d’água desabou sobre a loja, matando três funcionárias – Rayssa Batista Santos, Camille Vitória de Souza Dias e Pryscilla Maris Taschek Farro – e ferindo outras 12 pessoas.
Na investigação da Polícia Civil do Paraná (PCPR) e Polícia Científica do Paraná (PCP), foram realizados no local os primeiros levantamentos com tomadas de imagens fotográficas, Na sequência, uma equipe de mais dois peritos oficiais, engenheiros civis, participaram da comissão para apurar as possíveis causas que pudesse ter contribuído para o desabamento da estrutura.
Alguns dias após o ocorrido foi realizada uma nova visita ao local e foram solicitados documentos, entre eles documentos referentes às vítimas fatais, documentos de projetos de formas, projeto de cálculo estrutural, memorial de cálculo fornecido pela empresa. Foram solicitadas anotações de responsabilidades técnicas com relação ao serviço de execução da obra, bem como também do projeto arquitetônico. Baseado nesses fatos e na análise minuciosa do local, onde foi possível constatar o ponto exato onde se deu início o desabamento, informa o relatório dos peritos.
Falhas na execução
“Visitamos a empresa que fabricou, projetou e calculou as estruturas, e que também executou a montagem, a fim de buscar elementos que pudessem corroborar para a conclusão. Vimos que ocorreram algumas falhas construtivas, entre elas a falta de recapeamento. Verificamos também a ausência de argamassa para grauteamento entre pilares e vigas”, conta o perito Luis Noboru Marukawa. O grauteamento é uma técnica referente ao preenchimento das cavidades dos blocos de cerâmica e colunas de alvenaria estrutural.
De acordo com o perito, isso fez com que a laje não aguentasse o peso das seis caixas d’água com capacidade 15 mil litros cada. “Pela falta da espessura do capeamento, pela falta da armadura sobre a viga, fragilizou aquela laje, que infelizmente não suportou portanto a carga. Não que o projeto estivesse errado, a execução não foi adequada”, ressaltou.
Outra afirmação de Marukawa que chamou a atenção na coletiva: “Verificamos também a presença de uma gambiarra, que era uma madeira colocada calçando a viga e o pilar”, disse
O perito ainda afirmou que o grande volume de água pode ter evitado que a tragédia fosse ainda maior. “Na hora que a laje desabou as caixas tombaram, atingiram a viga, deixaram as suas marcas de sulcagem, e a água proveniente desta queda provavelmente salvou vidas, porque quando a água cai daquela torre em grande volume nós temos a energia potencial. A água desce, adquire velocidade e, quando atinge o solo, empurra as pessoas que estavam próximas”.
O outro lado – O Correio enviou mensagem para o dono do supermercado, o empresário e ex-prefeito de Matinhos Eduardo Dalmora, e não conseguiu localizar o dono da construtora, nem o responsável pela construção. Este texto poderá ser atualizado.
Com informações da PCPR, PCP e Banda B