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Prefeito vai à Câmara e responde críticas de vereadores

Foto: Câmara Municipal de Guaratuba

O prefeito Roberto Justus (DEM) irrompeu, na segunda-feira (8), na sessão da Câmara de Vereadores de Guaratuba e exerceu, na prática, o cargo vago de líder do seu próprio governo.

Estava no meio da sessão e os vereadores acabavam de votar o único projeto da Ordem do Dia: uma declaração de Utilidade Pública para uma associação de produtores rurais, no caso da localidade de Limeira.

O prefeito assistia a sessão pela Internet e ouviu o vereador Claudio Nazário (PMDB) ocupar a Tribuna para fazer críticas duras a sua administração. Também ouviu fortes críticas do vereador Itamar Junior (PSB) e ainda, um pouco mais brandas, da vereadora Maria do Neno (PSB).

Nazário criticou o aumento do IPTU, cobrou que o prefeito não se “deixasse levar pelas fofocas” e cobrasse que secretários “começassem a trabalhar”. Também afirmou que fiscais da Secretaria de Urbanismo haviam embargado uma obra por razões políticas. Itamar reforçou as críticas de Nazário à Secretaria de Obras por causa da lentidão na manutenção das ruas e centrou fogo no secretário de Habitação, o pastor Gabriel Gonçalves, seu desafeto favorito no governo. Como vem fazendo há várias sessões, reclamou do salário de mais R$ 9 mil que ele recebe e perguntou mais uma vez se ele tem aparecido para trabalhar.

Noite “parlamentarista”

Roberto Justus chegou junto com a mulher, a secretária de Esportes e Lazer Flávia Focaccia Justus, e sentou-se na terceira fila da frente. O presidente da Câmara, vereador Oliveira – seguindo o Regimento da Câmara, como bem frisou – o convidou para fazer parte da Mesa e, então, o prefeito pode ouvir e encarar firmemente os vereadores que faziam suas explicações finais, a chamada “palavra livre” que acontece no final da sessão.

O ímpeto e a visita não-protocolar do prefeito no Legislativo foram bem recebidos, até mesmo pelos vereadores que o criticavam. “Inédita”, bem lembrou a vereadora Maria. Claudio e Itamar agradeceram a oportunidade de tratar dos problemas que eles apontam na administração com o próprio chefe do Executivo.

Na sequência da “palavra livre” todos vereadores puderam comentar a presença do prefeito e o que motivou sua ida à Câmara.

Maria do Neno reafirmou sua crítica à decisão de realizar o desfile do aniversário do Município no dia 28 e não na data exata, 29 de Abril. Itamar repetiu a crítica que fizera aos cartazes que as crianças que desfilavam portavam no desfile com agradecimentos ao governador e a “deputados” (ele não citou o nome, mas o único deputado lembrado nos cartazes foi do deputado estadual Nelson Justus, pai do prefeito).

Sempre “seguindo o regimento”, Oliveira deu oportunidade para o prefeito falar. Novamente de forma não-protocolar, Roberto se dispôs a debater com os vereadores. Sutilmente, o presidente Oliveira evitou o confronto direto, conduzindo regimentalmente a inusitada sessão.

Conciliador, o prefeito repetiu diversas vezes que sempre esteve à disposição para esclarecer qualquer dúvida ou questionamento de todos os vereadores.

Mais duro, disse mais de uma vez que afirmações dos vereadores “não são compatíveis com a realidade”. Em resposta a Claudio Nazario, negou qualquer perseguição política na concessão de alvarás e pediu que o vereador informasse o nome do contribuinte. Nazário disse para ele perguntar “aos seus fiscais”.

Roberto defendeu o aumento do IPTU e informou que está havendo uma grande queda no repasse do ICMS e na arrecadação do ISS. “Ninguém mais paga ISS, ICMS, ninguém emite mais uma nota aqui em Guaratuba”, disse. “O único imposto que a gente arrecada é o IPTU, e as vezes a gente acaba cobrando o alvará para compensar o ISS”, explicou. egundo ele, o IPTU e taxas como os alvarás são algumas das poucas garantias de receita, que, segundo ele, não deve aumentar este ano. “A arrecadação, se tudo der certo, vai ser a mesma que no ano passado”, disse o prefeito.

Ao defender o secretário de Habitação, cometeu uma inconfidência. Disse que o auxiliar estava trabalhando intensamente inclusive no final de semana passado, em um projeto “que era para ficar em sigilo”: a construção, com apoio da Cohapar, de “se não me engano” de 360 casas no bairro Coroados. Segundo ele, o sigilo por causa da presença “aqui ao lado” (em Garuva) do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da máfia da invasão. Deu também as coordenadas do futuro loteamento: “atrás do Ginásio de Esportes”.

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