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Segurança ampla

Segurança é tema prioritário. Presente nos debates e nas mais diferentes escalas, a segurança é o medo que se tem de qualquer coisa que represente perigo. A falta de segurança, atualmente, parece ser uma das sensações mais comumente sentida pelas pessoas.

Na década de 1980, Mikhail Gorbachov em o “Novo Pensamento Politico”, desenvolveu a noção de “segurança ampla”, como condição para a sobrevivência da humanidade. Segundo ele, as ameaças à segurança não incluiriam apenas as questões militares, mas também as econômicas e ambientais, especialmente as relacionadas ao ambiente global. As tensões ambientais seriam causas de conflitos políticos e militares, portanto motivo de segurança.

Segurança resume-se a um ambiente que não cause risco para a continuidade da vida humana. Trata-se de conceito relativo, pois envolve não apenas o risco em si, mas também a percepção que se tem de risco futuro.

Pretende limitar os riscos advindos de impactos negativos sobre o ambiente e os recursos naturais. Mais afirmativamente, à proteção ambiental como garantia para o fornecimento de alimentos, água, saúde e, consequentemente, tranquilidade e bem-estar para as pessoas.

O risco ambiental é determinado pela estrutura existente no ambiente, sobre o potencial de risco para a vida humana, por exemplo, a possibilidade de enchentes e secas, a quantidade e a qualidade da água, a erosão do solo, os ambientes contaminados e suscetíveis à multiplicação de doenças, os desastres climáticos, entre outros. A percepção e o entendimento da potencialidade dos riscos dependem do conhecimento e da sensibilidade das pessoas sobre a dinâmica do seu entorno.

É difícil mensurar o custo das perdas ambientais, mas sabe-se que é expressivo e crescente. Na maioria das vezes imprevisível e surge na forma de novas epidemias, mudanças no clima, extinção de espécies, poluição das águas, a ponto de se vislumbrar um futuro em que os serviços ambientais, não mais serão amplamente disponíveis e gratuitos.

Resiliência é um termo usado na Física que significa a capacidade de um sistema em manter sua integridade no decorrer do tempo, em relação às pressões sofridas do exterior. A característica de um sistema resiliente é a sua flexibilidade e capacidade em criar alternativas para enfrentar situações imprevistas e pressões externas. Muitos não percebem, mas é exatamente o que a Natureza vem fazendo.

A realidade dos ecossistemas, – dinâmica e incerta – traz muitas surpresas e exige dos seus componentes, principalmente do ser humano, capacidade de adaptar-se a novas circunstancias, sejam elas graduais ou extremas. As intervenções do homem no ambiente natural afeta a estrutura dos ecossistemas, influenciando as alternativas que caracterizam a sua resiliência e consequentemente a segurança ambiental.

A insustentabilidade hoje existente terá solução com ações inovadoras que a resiliência pode trazer. Não obstante, essas ações já serão por si mesmas novos paradigmas ambientais, sociais, econômicos e políticos. E isso se faz necessário.

Politicas públicas devem ter como objetivo a satisfação das necessidades humanas a um custo menor sobre os sistemas naturais. Não sendo assim, certamente eles não mais proverão as necessidades da espécie humana em longo prazo. As pessoas devem, portanto, assumir integralmente a responsabilidade em apoiar e enfrentar as questões ambientais. A vida é uma teia onde tudo está interligado e a própria economia depende de um meio ambiente em equilíbrio. O meio ambiente equilibrado e harmônico leva o olhar para um futuro com melhor distribuição de renda, inserção e ascensão social das muitas pessoas que atualmente encontram-se excluídas do processo.

A qualidade de vida no futuro estará sujeita ao uso coerente, comedido e menos destrutivo do capital natural. Isso deverá ser feito com criatividade e inovação para criar uma sociedade e um modelo econômico e politico integrado efetivamente com a condicionante ambiental.

Há que se olhar a segurança de forma ampla e evitar fragmentá-la em questões pontuais e estanques. Isso vale para um municipio como Itapoá com dificuldades de infraestrutura que possibilite acompanhar o acelerado crescimento econômico, sem duvida causador de inseguranças diversas.

Quando se tem um problema, ter conhecimento de que existe, é meio caminho para a sua solução; o resto depende das decisões adotadas e das ações efetivadas. Itapoá é municipio turístico como muitos senão a maioria no Estado. Mas, também é municipio portuário, como poucos em Santa Catarina. Fato inconteste que habilita a exigência de tratamento diferenciado perante o Estado nas questões de ‘segurança ampla’.

Portanto, é necessário, urgente, inadiável e por que não imprescindível a elaboração de politicas públicas de segurança, pelo Estado e Municipio, baseadas em ações efetivas e não apenas em discurso.

Itapoá (primavera chuvosa), 2015.

 

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