UFPR e Embrapa Florestas realizam seminário sobre manejo e produção da juçara

Entre hoje e sexta-feira (de 14 e 16), a UFPR Litoral sediará um seminário voltado à regulamentação do manejo e produção do palmito da palmeira juçara (Euterpe edulis), cultivada em sistemas agroflorestais. O uso das sementes da juçara para a produção de polpa também será abordado, destacando o potencial econômico e ecológico do produto.
Realizado em parceria com a Embrapa Florestas, o Seminário reunirá pesquisadores, técnicos extensionistas e legisladores de diversas regiões do Brasil. A programação é especialmente direcionada a agricultores e agricultoras que já trabalham ou têm interesse em atuar com os produtos derivados da palmeira juçara.
O Seminário é presencial e restrito a participantes convidados e previamente inscritos, porém todas as atividades serão transmitidas ao vivo no YouTube no canal da Embrapa Florestas.
A iniciativa integra as atividades do projeto BioSAf envolvendo ações extensionistas dos professores do curso de agroecologia Manoel Flores Lesama e Gilson Walmor Dahmer.
O final do evento culminará com as atividades programadas na Festa da Juçara, que ocorre nesta sexta e sábado (16 e 17), na UFPR Litoral.
Pesquisa da Embrapa Florestas
Segundo explica o analista da Embrapa Florestas Emiliano Santarosa, a estratégia é dar continuidade às pesquisas junto aos parceiros na região, como a Universidade e a Extensão Rural, para fins de gerar indicadores técnicos e recomendações que envolvam Sistemas Agroflorestais, sendo uma alternativa para diversificação, geração de renda, além dos benefícios sociais e ambientais. “No seminário técnico vamos apresentar e discutir junto com os parceiros as experiências e estratégias importantes envolvendo a Palmeira Juçara, assim como a troca de conhecimentos técnico-científicos sobre práticas sustentáveis de produção e conservação para a Mata Atlântica”, explica.
Dados das pesquisas conduzidas por Seoane e colaboradores demonstram que as agroflorestas no Vale do Ribeira, onde a palmeira juçara é plantada e manejada junto com outras espécies, são eficazes tanto na restauração ecológica de áreas degradadas quanto na melhoria das condições de vida de agricultores familiares. “Esses sistemas atingem indicadores exigidos por legislações de restauração ecológica e ainda são economicamente viáveis, especialmente nas fases iniciais”, explicou Seoane, referindo-se a estudos publicados pela Embrapa entre 2021 e 2023.
Apesar do potencial, Seoane alerta para os entraves. “Na fase arbórea dos sistemas, quando o sistema tem potencial de produzir madeira e palmito de juçara, a legislação ambiental não ajuda. O agricultor quer fazer certo, mas a burocracia impede. Falta um olhar mais atento para a agrofloresta que restaura a Mata Atlântica, dá comida e renda”.
Polpa de juçara: um potencial ainda subaproveitado
Além das questões legais, o seminário também abordará aspectos práticos do aproveitamento da palmeira juçara, como o processamento da polpa – que, semelhante ao açaí, tem alto valor nutricional e sensorial. Segundo o pesquisador, iniciativas comunitárias já processam centenas de quilos de frutos por ano, mas enfrentam dificuldades na logística e na regulamentação sanitária:
“A polpa da juçara pode ser tão estratégica quanto a do açaí. Já temos tecnologia e qualidade. Precisamos agora de políticas que não nos tratem como exceção, mas como solução”, enfatizou Seoane.
A expectativa é que, ao final do evento, sejam consolidadas propostas para políticas públicas voltadas à produção sustentável da palmeira juçara, com desburocratização de normativas, apoio técnico e estímulo à pesquisa participativa. O seminário também visa fortalecer cadeias locais de valor e gerar subsídios para uma estratégia de conservação da palmeira juçara que alie biodiversidade, dignidade e permanência no território.
Confira a programação completa.
Fontes: UFPR Litoral e Embrapa Florestas